domingo, 25 de julho de 2010

15-07-10

No dia 15, quinta feira, Hennok, que me hospedou em Araras, me levou pra conhecer o caps em que é estagiário, o convite caiu como uma luva, pois o dia anterior, quando tive que pedalar 85Km em meio a chuva e frio, havia me desgastado muito.
O caps em questão fica em uma pequena cidade chamada Nova Gertrudes, tem a fachada de uma casa como outra qualquer do bairro, possui um bom espaço físico (tem até uma piscina), é bem arejado e as pessoas ali parecem estar muito bem e a vontade, me deixando uma ótima impressão por parecer consolidar muitos dos ideais da reforma psiquiátrica, as pessoas se falam e se tratam de igual pra igual, todos os trabalhadores são cuidadores, tanto os usuários como desde a ajudante geral até a coordenadora, e conhecem os propósitos do serviço no qual atuam, e todos, usuários e trabalhadores, constroem um ambiente extremamente sadio em que pode-se sentir-se a vontade e se expressar de variadas formas.
Conversei com todos e pedi para escreverem nos retalhos, surgiram mensagens lindas nas quais as pessoas se revelam muito, é engraçado, outro dia entreguei um retalho pra um cineasta que tinha acabado de lançar um documentário sobre populações que tiveram que migrar após a construção de uma usina hidroelétrica no interior de Minas Gerais e Goiás, eles segurou o retalho nas mãos e perguntou:

- "escreve o que?;
- " o que você quiser, é livre", disse eu;
"livre? mas é em relação a que?;
- "ao que você quiser", retruquei;
Aí ele olhou pro retalho, ficou olhando pensativo, oscilou um pouco e concluiu: "engraçado, quando nos dão liberdade pra fazer as coisas agente fica meio sem saber o que fazer".

Tenho notado muito isso nas pessoas, aquele momento de escrever nos retalhos é ímpar, um no qual ha a necessidade de se expor, algo tão simples como escrever uma mensagem torna-se difícil, uns desistem, outros olham pro retalho, olham, pensam em desistir,

Voltando ao Caps, vi um novo usuário chegando e sendo super bem acolhido pelos outros usuários. Conversei com todos e descobri lindas histórias, quis fazer um trabalho com fotografia, mas infelizmente a coordenadora não permitiu, aliás, conversando como os usuários percebi que falta naquele espaço o fomento de mais oficinas, informação que transmiti num outro momento para a coordenadora e ela disse-me que já haviam projetos que haviam dado certo e que agora eles tentavam retomar. Foi uma grande manhã esta no Caps de Nova Gertrudes.

Um comentário:

  1. Ôpa irmão,

    acredito que não nos conhecemos pessoalmente,
    mas nos conheceremos daqui uns dias em Goiania-Aneps,
    fica aqui minha admiração por esta atitude,
    abraços libertários, solidários e ternos

    Guilherme Salgado - Gui Mineiro
    Salvador-BA

    ResponderExcluir